segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Breve diálogo

Ela se foi, não há o que temer, não é mais preciso esconder-se por baixo dos véus.
- Não escondo-me onde ainda podem me ver.
O temor passou, o que era frio, esquentou e derreteu como vela.
- Não dissipa minhas injúrias proclamadas a ti.
O doce entrave que te persegue não enuncia mais seu pudor, seus ditames fúteis,
nenhum deles restou.
- Isso não me conforma.
O que queres então? Que o mundo ajoelhe-se aos teus pés e peça perdão?!
- Ainda não seria o bastante.
Nâo sejas tão prepotente, o homem por poderoso que seja, nem sempre tem
coração valente.
- Não é o medo da morte escarlate que persegue a mim.
O que será? O medo do que não existe putrefando dentro de ti?
- É isto que me consome.
Esta dor lancinante nunca irá passar, enquanto não seguires em frente
sem importar-se com o que virá
- Sendo assim, serei coberto pelo véu da noite negra, e não completarei minha
desforra, enquanto esse ser irreconhecível me aliciar ao fim que não desejo
encontrar.

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