terça-feira, 29 de março de 2011
Meu Mundo
Sou como uma sombra. Me tornei uma sombra. O tempo nos afastou e foi varrendo lembranças como sempre faz. E eu fiquei preso em uma determinada época e infelizmente minha mente fértil tornou uma coisa simples e banal em algo grandioso. Digo infelizmente por que isso fez com que eu me prendesse à um sonho, uma realidade melhorada pela minha mente. Nada daquilo que eu imaginei aconteceu, na verdade aconteceu mas não da forma que imaginei. Mas é uma necessidade minha, eu preciso ver "beleza" nas coisas pra sobreviver. Eu procuro "beleza" em tudo. Fico observando como as pessoas ignoram tanta coisa que eu admiro e sinto prazer em fazer, como correr com meu cachorro na chuva, ouvir o latido animado dele, sentir o cheiro da terra molhada, e cada pingo molhando meus cabelos e minhas roupas, como se fossem um carinho dos céus. Nesses momentos é como se eu flutuasse. Mas foi então que meu mundo, aquele sonho, aquela época da qual eu tinha "nítidas lembranças", foi sendo destruído. Quando ele surgiu. Aparentemente um ninguém, apenas mais um, sem nenhum atrativo, digamos óbvio. E ele me tomou algo que eu já havia perdido, aliais que eu nunca tive, mas que considerava meu. E ele veio, destruindo as lembranças e destruindo o mundo que eu havia construído pra fugir do sofrimento. Me mostrando que a realidade cruel, seca e sem magia alguma sorria sarcasticamente pra mim. Me mostrando que na verdade eu fui apenas uma ponte para leva-la até ele. Como um personagem secundário que apenas aponta o caminho certo para o personagem principal e bem ali acaba sua função. E como isso doeu. Pra mim ela era parte de uma história linda, a "nossa história", depois me dei conta que a história na verdade era dela, e mais tarde deles dois. E eu apenas uma sombra do passado sombrio dela. Nunca pensei que isso fosse doer tanto em mim. Perceber que eu não signifiquei nada além de "escuridão" pra ela. E ela pra mim, significava tudo, a vida, o sol, meu futuro, o meu oxigênio, apesar do mal que ela me fez, tudo nela me inspirava, até a sua loucura. Foi então que fui ficando cada vez mais soturno e insano. Todos destruiram meu mundo, me obrigaram a viver nessa realidade podre e sem graça, me obrigaram a buscar outra fonte onírica pra sobreviver e que eu não consegui encontrar. Por que eu preciso disso, preciso criar mundos surreais de passados ou futuros, ou transformar meu presente. Se não a minha sanidade, que já é tão limitada, apesar de eu não demonstrar, me abandona de vez. E cada vez que eu seguia os passos dela e via o quão ruim eu fui pra ela, pra vida dela, e como ela estava feliz como eu jamais tinha visto, eu via o quanto ele se tornava perfeito, interessante e grandioso, e eu fui me tornando pequeno e sem graça aos olhos dela, até deixar de existir. Mas e ela? Será que a minha mente insana também não a transformou? Não seria ela apenas uma personagem secundária da minha história e não uma das principais como eu sempre imaginei? Eu dei valor demais à ela. Mas nunca consegui encontrar alguém que me fizesse apaga-la da lembrança. Eu queria agora correr e dizer a ela o quanto ela é importante, o quanto me inspira e o que nossa história significou pra mim. Mas, é impossível, já é tarde demais, eu já não existo e ela não acreditará em uma palavra se quer e ainda me dirá que preciso de tratamento que sou louco, vai rir de mim. E eu vou ser destruído mais uma vez por ela. Apesar de hoje me achar tão forte e imune a tantas coisas. Só não sou imune a ela. Não tenho mais nada, nem tenho mais paciência para esperar as coisas melhorarem, depois de 5 anos, vivendo à sombra dela, da felicidade dela, sem conseguir construir a minha própria felicidade, vivendo de lembranças inexistentes, me contentando com pequenos momentos de prazer, tudo acaba aqui, quando eu der esse próximo passo meu corpo vai ser puxado pela gravidade, vou fechar os olhos pra sempre e nunca mais sair do meu mundo.
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texto inspirado nos filmes Sucker Punch, Bilho eterno de uma mente sem lembranças e Antes do Amanhecer
ResponderExcluirAEE até quem fim postou aqui! adoro esse texto! beijao Silvia
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