É a noite da luta.
Estou sentada colocando as bandagens como sempre faço nos treinos, quase como em um ritual.
Há muito barulho a minha volta, pessoas conversando, gritando, mas eu não ouço nada. Apenas me concentro em passar a bandagens entre os dedos, passar pelo "nós" das mãos e ir cobrindo a mão toda até ficar bem firme. Respiro fundo. Pensando em me manter calma, e deixar apenas que meu espírito de luta cresça dentro de mim. Como um lobo, calmo e concentrado observando a sua presa antes de atacar.
Me sinto um predador indo a caça, um soldado no front de batalha.
É preciso me manter calma.
Chegou a hora, o nervosismo quer tomar conta de mim, mas não, não deixo, não posso deixar, respire, respire, feche os olhos, concentre-se!
Minha música começa a tocar, a vontade de lutar cresce, minhas mãos esquentam, quero pular, gritar, mas me limito a erguer o braço direito e dar um soco no ar.
Entro no ringue e encaro a adversária.
Ela me olha com um certo olhar de desdém e superioridade. Eu devolvo um olhar sanguinário a ela. O árbitro diz a regras, me coloca frente a frente com a adversária.
Soa o gongo.
É hora da caça.
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