quarta-feira, 25 de maio de 2011

Congelado

Já fazem alguns minutos que parei de prestar atenção no que ela está falando, não que não seja interessante, mas é que me perdi admirando ela, com seus olhos pequenos e amendoados bem verdes e profundos, os cabelos longos, ondulados, brilhantes e castanhos claros e a pele dela, bem morena, tão macia que a cada minuto invento uma desculpa para toca-la no braço ou no ombro, fico admirando os gestos dela e gravando-os na mente, a forma como sorri, ou como leva a mão aos cabelos e põe atrás da orelha, o jeito que mexe as mãos enquanto fala...
Ela continua falando, sua voz suave me deixando em transe, não consigo parar de olha-la, notei que ela evita me olhar nos olhos por muito tempo, parece envergonhada, será que estou sendo muito indiscreto? Será que estou fazendo cara de idiota? Será que meu olhar está muito fixo?
De repente ela para de falar e desperto do meu transe e ela pergunta "algum problema? Estou sendo chata?" e eu prontamente respondo "não, de maneira alguma, continue" e lhe lanço um sorriso, ela me devolve um sorriso acanhado e um olhar tímido, de vez em quando ela toca minhas mãos com as suas mãos pequenas, delicadas e extremamente macias, tenho vontade de segura-las e não larga-las mais.
As vezes inconscientemente me inclino pra frente para sentir seu cheiro e quando noto que estou perto demais dou alguns pequenos passos para trás, não quero parecer abusado.
Ela tem um cheiro viciante não sei como explicar e quando fala sinto seu hálito quente, com um cheiro adocicado.
Comecei a admirar sua boca, parece macia e quente, é levemente rosada e acho que ela notou, pois parou um pouco de falar e desviou o olhar, é, acho que estou sendo muito indiscreto, desvio o olhar também e começo a falar, gaguejo um pouco e ela ri.
Linda!
Meu deus, como ela é linda! Estou me controlando loucamente para não beija-la, tanto que mal notei que ela se aproximou alguns passos e que está a poucos centímetros de mim , a encaro nos olhos e meu coração para, seu olhar mudou completamente, ela também está me encarando, tem um olhar malicioso e um sorrisinho nos lábios, ela se aproxima mais, prendo a respiração está tão próxima que consigo sentir o cheiro de seus cabelos, não consigo mais me conter, me aproximo e beijo-a, meu coração que parecia parado agora bate loucamente, volto a respirar e  a cidade barulhenta parece silenciosa agora. Pra mim, o tempo simplesmente congelou quando meus lábios tocaram os dela.

sábado, 14 de maio de 2011

Por ela

Antes dela só havia a guerra e a espada, os únicos sentimentos que eu conhecia eram o ódio, rancor e desprezo. Então ela surgiu, como um furacão, um vento divino, e mudou tudo, e deu sentido a tudo que antes não importava, e é por ela que eu luto.
Depois dessa batalha ela me prometeu que iriamos embora e ficariamos juntos e é por isso que eu luto agora, por ela, para estar com ela.
Não tiro os olhos de onde ela está lutando, uma estocada e um olhar em direção a ela, um inimigo decapitado e outro olhar, por enquanto há muitos inimigos, ainda não consigo me aproximar dela.
A batalha segue e inimigos e amigos tombam, a terra se lava em sangue.
Momentos depois, uma chuva de flechas cai sobre nós, ela foi atingida, meu desespero começa a crescer, preciso ajuda-la. O número de inimigos diminuiu, já posso vê-la à uns metros de mim, outro inimigo tomba, o campo está limpo agora e lanço um sorriso a ela, que me devolve o sorriso, sorriso esse que morreu segundos depois.
Não o vi, foi como se ele tivesse saído da terra, um inimigo a atacou pelas costas e então meu desespero cresce loucamente.
Corro até ela, golpeio o inimigo e antes que ela caísse eu a segurei nos braços "não por favor, não!"
Grito seu nome, olho em seus olhos começando a ficar opacos, ela sussura algo pra mim e só consigo ouvir "nossa promessa". Abraço-a e digo "vai ficar tudo bem, não feche os olhos, fique comigo".
O desespero tomou conta de mim, abraço-a mais forte, não por favor, não morra, aguente mais um pouco e então o corpo dela começa a amolecer entre meus braços, estou completamente em pânico, olho seu rosto, sereno como o de um anjo. Não, não é possível. Não posso acreditar nisso.
Meu desespero então começa a se transformar em raiva, deito-a no chão com carinho, levanto e uma onda de calor e ódio invade meu corpo.
Minhas mãos esquentam, meu corpo começa a tremer, minha respiração fica ofegante, começo a babar, pego a espada e vou para o front.
Vou matar cada um de vocês seus vermes, vocês mataram quem eu mais amava, vou dizimar cada um de vocês.
Katsumi, eu te amo, me espere, logo vamos estar juntos.

Por ele

Sinto dor, muita dor, uma flecha atingiu meu ombro e uma outra atingiu minha perna, mas não posso desistir, não agora, ainda não, preciso aguentar só mais um pouco, eu prometi a ele que ficaríamos juntos depois que tudo isso acabasse e é por ele que aguento essa dor agora e foi por ele que eu continuei viva, por causa dele e do que ele representa pra mim.
A dor aumenta, minha vista começa a embaçar, sinto dor, muita dor, mas o que sinto por ele me mantém de pé, a existência dele me mantém de pé.
Ele está próximo, protegemos um ao outro como podemos, mas o número de inimigos é muito grande, não está sendo fácil pra nenhum de nós do batalhão.
Sinto dor, muita dor. Manejar a espada fica cada vez mais difícil, mas graças aos nossos companheiros o número de inimigos diminuiu.
Ainda consigo ve-lo, está a alguns metros de mim, mais um inimigo decapitado e o campo está limpo agora, ele sorri pra mim e eu devolvo o sorriso, mas no momento seguinte sinto uma dor maior do que as outras, uma dor lancinante no peito, olho pra baixo para comprovar o que já sabia: uma lâmina atravessando meu peito, droga... cheguei tão perto, minha vista começa a escurecer, minhas pernas cedem e antes de tombar ele me segura, o rosto assustado, em pânico, ele grita algo que não consigo ouvir, já não vejo nada nem ouço nada, até a dor parece estar se dissipando, reúno aquilo que acredito ser o último sopro de vida que me resta para sussurra-lhe "me perdoe, não cumpri a nossa promessa", ele me abraça forte, respiro uma última vez e penso "sinto muito".

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ai! Se sêsse...

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice?
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse!! 

- Zé da Luz

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Anjo da Perdição

Onde fostes anjo da perdição?
Onde guardastes teus doces lábios?
Esqueceste de mim, ou não?
Eu, a cada passo que deste, fiz questão de seguir

Cada fuga tua, me sentia triste e sozinho aqui
Maldita! Por que levaste meu coração?
Apenas devolva-o para que eu entregue-o
A alguém que me liberte dessa frustração

Dessa angústia de pensar que nunca vou te esquecer
Mas os deuses são justos e eles sabem o que fazer
Agora só me resta aguardar

A tempestade certa
Então, eu só observo
Onde esse coração insano vai me levar