quarta-feira, 30 de março de 2011

The Tyger

Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?

And what shoulder, & what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?

What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dread grasp
Dare its deadly terror clasp?

When the stars threw down their spears,
And watered heaven with their tears,
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?

-William Blake

terça-feira, 29 de março de 2011

Meu Mundo

Sou como uma sombra. Me tornei uma sombra. O tempo nos afastou e foi varrendo lembranças como sempre faz. E eu fiquei preso em uma determinada época e infelizmente minha mente fértil tornou uma coisa simples e banal em algo grandioso. Digo infelizmente por que isso fez com que eu me prendesse à um sonho, uma realidade melhorada pela minha mente. Nada daquilo que eu imaginei aconteceu, na verdade aconteceu mas não da forma que imaginei. Mas é uma necessidade minha, eu preciso ver "beleza" nas coisas pra sobreviver.  Eu procuro "beleza" em tudo. Fico observando como as pessoas ignoram tanta coisa que eu admiro e sinto prazer em fazer, como correr com meu cachorro na chuva, ouvir o latido animado dele, sentir o cheiro da terra molhada, e cada pingo molhando meus cabelos e minhas roupas, como se fossem um carinho dos céus. Nesses momentos é como se eu flutuasse. Mas foi então que meu mundo, aquele sonho, aquela época da qual eu tinha "nítidas lembranças", foi sendo destruído. Quando ele surgiu. Aparentemente um ninguém, apenas mais um, sem nenhum atrativo, digamos óbvio. E ele me tomou algo que eu já havia perdido, aliais que eu nunca tive, mas que considerava meu. E ele veio, destruindo as lembranças e destruindo o mundo que eu havia construído pra fugir do sofrimento. Me mostrando que a realidade cruel, seca e sem magia alguma sorria sarcasticamente pra mim. Me mostrando que na verdade eu fui apenas uma ponte para leva-la até ele. Como um personagem secundário que apenas aponta o caminho certo para o personagem principal e bem ali acaba sua função. E como isso doeu. Pra mim ela era parte de uma história linda, a "nossa história", depois me dei conta que a história na verdade era dela, e mais tarde deles dois. E eu apenas uma sombra do passado sombrio dela. Nunca pensei que isso fosse doer tanto em mim. Perceber que eu não signifiquei nada além de "escuridão" pra ela. E ela pra mim, significava tudo, a vida, o sol, meu futuro, o meu oxigênio, apesar do mal que ela me fez, tudo nela me inspirava, até a sua loucura. Foi então que fui ficando cada vez mais soturno e insano. Todos destruiram meu mundo, me obrigaram a viver nessa realidade podre e sem graça, me obrigaram a buscar outra fonte onírica pra sobreviver e que eu não consegui encontrar. Por que eu preciso disso, preciso criar mundos surreais de passados ou futuros, ou transformar meu presente. Se não a minha sanidade, que já é tão limitada, apesar de eu não demonstrar, me abandona de vez. E cada vez que eu seguia os passos dela e via o quão ruim eu fui pra ela, pra vida dela, e como ela estava feliz como eu jamais tinha visto, eu via o quanto ele se tornava perfeito, interessante e grandioso, e eu fui me tornando pequeno e sem graça aos olhos dela, até deixar de existir. Mas e ela? Será que a minha mente insana também não a transformou? Não seria ela apenas uma personagem secundária da minha história e não uma das principais como eu sempre imaginei? Eu dei valor demais à ela. Mas nunca consegui encontrar alguém que me fizesse apaga-la da lembrança. Eu queria agora correr e dizer a ela o quanto ela é importante, o quanto me inspira e o que nossa história significou pra mim. Mas, é impossível, já é tarde demais, eu já não existo e ela não acreditará em uma palavra se quer e ainda me dirá que preciso de tratamento que sou louco, vai rir de mim. E eu vou ser destruído mais uma vez por ela. Apesar de hoje me achar tão forte e imune a tantas coisas. Só não sou imune a ela. Não tenho mais nada, nem tenho mais paciência para esperar as coisas melhorarem, depois de 5 anos, vivendo à sombra dela, da felicidade dela, sem conseguir construir a minha própria felicidade, vivendo de lembranças inexistentes, me contentando com pequenos momentos de prazer, tudo acaba aqui, quando eu der esse próximo passo meu corpo vai ser puxado pela gravidade, vou fechar os olhos pra sempre e nunca mais sair do meu mundo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Luta

É a noite da luta.
Estou sentada colocando as bandagens como sempre faço nos treinos, quase como em um ritual.
Há muito barulho a minha volta, pessoas conversando, gritando, mas eu não ouço nada. Apenas me concentro em passar a bandagens entre os dedos, passar pelo "nós" das mãos e ir cobrindo a mão toda até ficar bem firme. Respiro fundo. Pensando em me manter calma, e deixar apenas que meu espírito de luta cresça dentro de mim. Como um lobo, calmo e concentrado observando a sua presa antes de atacar.
Me sinto um predador indo a caça,  um soldado no front de batalha.

É preciso me manter calma.

Chegou a hora, o nervosismo quer tomar conta de mim, mas não, não deixo, não posso deixar, respire, respire, feche os olhos, concentre-se!
Minha música começa a tocar, a vontade de lutar cresce, minhas mãos esquentam, quero pular, gritar, mas me limito a erguer o braço direito e dar um soco no ar.
Entro no ringue e encaro a adversária.
Ela me olha com um certo olhar de desdém e superioridade. Eu devolvo um olhar sanguinário a ela. O árbitro diz a regras, me coloca frente a frente com a adversária.

Soa o gongo.

É hora da caça.


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quarta-feira, 16 de março de 2011

Le Vampire

Toi qui, comme un coup de couteau,
Dans mon coeur plaintif es entrée;
Toi qui, forte comme un troupeau
De démons, vins, folle et parée,
De mon esprit humilié
Faire ton lit et ton domaine;
— Infâme à qui je suis lié
Comme le forçat à la chaîne,
Comme au jeu le joueur têtu,
Comme à la bouteille l'ivrogne,
Comme aux vermines la charogne
— Maudite, maudite sois-tu!
J'ai prié le glaive rapide
De conquérir ma liberté,
Et j'ai dit au poison perfide
De secourir ma lâcheté.
Hélas! le poison et le glaive
M'ont pris en dédain et m'ont dit:
"Tu n'es pas digne qu'on t'enlève
À ton esclavage maudit,
Imbécile! — de son empire
Si nos efforts te délivraient,
Tes baisers ressusciteraient
Le cadavre de ton vampire!"
— Charles Baudelaire




obs: tradução nos comentários

segunda-feira, 14 de março de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

Nothing else matters

O único som é o da grafite riscando o papel, vez ou outra o som da minha própria respiração. Isolada do mundo externo, perdida na minha própria mente, parece que o mundo fica em camera lenta, os sons ficam mais claros, cada ruído parece que vai estourar meus tímpanos e cada sonho insano parece real. Parece que até o tempo congelou, assim como o sangue quente que antigamente corria em minhas veias. Me perco cada vez mais em devaneios tentando de alguma forma trazer um sopro de vida pra esse corpo morto, tentando de alguma forma ressuscitar essa alma putrefata que anseia por liberdade

Tudo em vão.

quinta-feira, 10 de março de 2011

As fotos

Melancolia. Era só o que ela podia sentir naquele momento, um sentimento de perda, uma dor cruciante que parecia esmagar seu peito e sugar até o último resquicio de vida em seu ser.
Dor.
Era isso que significavam aquelas fotos. Perde-lo foi como perder o próprio braço, a própria vida. E nada mais poderia ser feito.
Precisava agora de uma fuga, qualquer coisa que fizesse a realidade parecer menos cruel, menos dolorosa. Drogas, álcool, sono, qualquer coisa.
E então, a salvação veio na forma de uma garrafa de vodka...

Depois de quase uma garrafa inteira de vodka tomada, duas carteiras de cigarro tragadas e as mesmas músicas tocando várias vezes no computador, ela finalmente tomou coragem pra se livrar das fotos, aquelas malditas fotos que a lembravam de uma época em que tudo era sonho.

Abriu a gaveta, e embaixo de um livro, cuidadosamente escondidas estavam as fotos.
Olhou para elas alguns instantes e as lembranças vieram pouco a pouco contruindo um filme em sua mente. Lembrou-se quase com detalhes daquele dia, as sensações, os sorrisos, os cheiros, no fundo não queria livrar-se delas, mas era necessário. Era dolorosamente necessário.

Ela começou picotando cada foto em pedaços bem pequenos e colocando-os numa sacola plástica, mas ainda não era o bastante, era necessário mais que rasgar as fotos para destruir o que elas representavam.

Então, levantou-se meio cambaleante por conta da vodka, pegou a sacola e saiu do quarto, foi andando no escuro até a cozinha onde pegou um pegou um litro de álcool e uma caixa de fósforos e se encaminhou pra rua.

Abriu a porta e começou a andar pela rua escura e quando se distanciou o suficiente de sua casa, ela despejou as fotos despedaçadas no chão, jogou álcool e acendeu a chama.

E ela ficou lá, admirando as chamas consumirem as fotos despedaçadas e - assim esperava ela - queimando com elas aquelas malditas lembranças.

Esperou até que as fotos virassem cinzas e o vento as levasse pra longe.

Mas o problema foi quando ela se deu conta de que as lembranças já estavam incrustadas na sua memória.
"Maldição."- pensou ela - "Quantos socos na cara vou ter que levar até esquecer que você existe?"