sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Lobo

Lobo, aonde vais caçar?
Será no leito do rio? Ou na floresta densa vais adentrar?

Lobo, pra que distante lua vais uivar?
Teu uivo melancolico a procura de companhia
Será que tua alcatéia escutará?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Eu gosto do seu corpo

Eu gosto do seu corpo
Eu gosto do que ele faz
Eu gosto de como ele faz
Eu gosto de sentir as formas do seu corpo
Dos seus ossos
E de sentir o tremor firme e doce
De quando lhe beijo
E volto a beijar
E volto a beijar
E volto a beijar...

E.E Cummings

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ausência


Sem você sou vazio
Sem você nada mais faz sentido
Sem você a felicidade é efêmera, superficial
O mundo perde a cor, o sabor

O vento torna-se frio, o tempo o inimigo da dor
Pois teu corpo é minha morada
Teu calor fogo da vida
Tua alma, meu guia

Tua boca, a calmaria
Ao teu lado amor, um sentido pra vida.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Veneno


Meu corpo dói, meus braços estão cansados
Já não posso mais caminhar
Sigo me arrastando, a luz intensa cegando-me ou seria a escuridão?
Já não sei dizer

Já não sei se o que senti existe
Já não sei se possuo um coração
O que corre em minhas veias é sangue
Ou é veneno de escorpião?

Não consigo levantar, não consigo prosseguir
O vento norte que antes me acalentava já não está mais aqui

A esperança se foi, a dor não incomoda mais
Anúbis chega puxando-me para o Vale daqueles que se vão e não regressam mais

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lilith

Vem, vamos brincar
Nos banhar em sangue à luz do luar
Vem, vamos brincar

Teu corpo banhado em pecado
É o próprio templo da profanação
Anjo de asas negras

Quero tua sanidade, te encher de tesão
Teu coração de demônio vou devorar
Minha Lilith, quero te ter em minhas mãos

Na tua flama corpórea vou me consumir
Rainha louca vou te domar

terça-feira, 7 de junho de 2011

Navio Negreiro - Parte VI

VI
      
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. 
Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!


Castro Alves






p.s: Essa poesia toda é linda, mas eu gosto muito dessa parte, acho belíssima, talvez por eu ter representado uma peça que tinha esse trecho da poesia como uma das falas.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Congelado

Já fazem alguns minutos que parei de prestar atenção no que ela está falando, não que não seja interessante, mas é que me perdi admirando ela, com seus olhos pequenos e amendoados bem verdes e profundos, os cabelos longos, ondulados, brilhantes e castanhos claros e a pele dela, bem morena, tão macia que a cada minuto invento uma desculpa para toca-la no braço ou no ombro, fico admirando os gestos dela e gravando-os na mente, a forma como sorri, ou como leva a mão aos cabelos e põe atrás da orelha, o jeito que mexe as mãos enquanto fala...
Ela continua falando, sua voz suave me deixando em transe, não consigo parar de olha-la, notei que ela evita me olhar nos olhos por muito tempo, parece envergonhada, será que estou sendo muito indiscreto? Será que estou fazendo cara de idiota? Será que meu olhar está muito fixo?
De repente ela para de falar e desperto do meu transe e ela pergunta "algum problema? Estou sendo chata?" e eu prontamente respondo "não, de maneira alguma, continue" e lhe lanço um sorriso, ela me devolve um sorriso acanhado e um olhar tímido, de vez em quando ela toca minhas mãos com as suas mãos pequenas, delicadas e extremamente macias, tenho vontade de segura-las e não larga-las mais.
As vezes inconscientemente me inclino pra frente para sentir seu cheiro e quando noto que estou perto demais dou alguns pequenos passos para trás, não quero parecer abusado.
Ela tem um cheiro viciante não sei como explicar e quando fala sinto seu hálito quente, com um cheiro adocicado.
Comecei a admirar sua boca, parece macia e quente, é levemente rosada e acho que ela notou, pois parou um pouco de falar e desviou o olhar, é, acho que estou sendo muito indiscreto, desvio o olhar também e começo a falar, gaguejo um pouco e ela ri.
Linda!
Meu deus, como ela é linda! Estou me controlando loucamente para não beija-la, tanto que mal notei que ela se aproximou alguns passos e que está a poucos centímetros de mim , a encaro nos olhos e meu coração para, seu olhar mudou completamente, ela também está me encarando, tem um olhar malicioso e um sorrisinho nos lábios, ela se aproxima mais, prendo a respiração está tão próxima que consigo sentir o cheiro de seus cabelos, não consigo mais me conter, me aproximo e beijo-a, meu coração que parecia parado agora bate loucamente, volto a respirar e  a cidade barulhenta parece silenciosa agora. Pra mim, o tempo simplesmente congelou quando meus lábios tocaram os dela.

sábado, 14 de maio de 2011

Por ela

Antes dela só havia a guerra e a espada, os únicos sentimentos que eu conhecia eram o ódio, rancor e desprezo. Então ela surgiu, como um furacão, um vento divino, e mudou tudo, e deu sentido a tudo que antes não importava, e é por ela que eu luto.
Depois dessa batalha ela me prometeu que iriamos embora e ficariamos juntos e é por isso que eu luto agora, por ela, para estar com ela.
Não tiro os olhos de onde ela está lutando, uma estocada e um olhar em direção a ela, um inimigo decapitado e outro olhar, por enquanto há muitos inimigos, ainda não consigo me aproximar dela.
A batalha segue e inimigos e amigos tombam, a terra se lava em sangue.
Momentos depois, uma chuva de flechas cai sobre nós, ela foi atingida, meu desespero começa a crescer, preciso ajuda-la. O número de inimigos diminuiu, já posso vê-la à uns metros de mim, outro inimigo tomba, o campo está limpo agora e lanço um sorriso a ela, que me devolve o sorriso, sorriso esse que morreu segundos depois.
Não o vi, foi como se ele tivesse saído da terra, um inimigo a atacou pelas costas e então meu desespero cresce loucamente.
Corro até ela, golpeio o inimigo e antes que ela caísse eu a segurei nos braços "não por favor, não!"
Grito seu nome, olho em seus olhos começando a ficar opacos, ela sussura algo pra mim e só consigo ouvir "nossa promessa". Abraço-a e digo "vai ficar tudo bem, não feche os olhos, fique comigo".
O desespero tomou conta de mim, abraço-a mais forte, não por favor, não morra, aguente mais um pouco e então o corpo dela começa a amolecer entre meus braços, estou completamente em pânico, olho seu rosto, sereno como o de um anjo. Não, não é possível. Não posso acreditar nisso.
Meu desespero então começa a se transformar em raiva, deito-a no chão com carinho, levanto e uma onda de calor e ódio invade meu corpo.
Minhas mãos esquentam, meu corpo começa a tremer, minha respiração fica ofegante, começo a babar, pego a espada e vou para o front.
Vou matar cada um de vocês seus vermes, vocês mataram quem eu mais amava, vou dizimar cada um de vocês.
Katsumi, eu te amo, me espere, logo vamos estar juntos.

Por ele

Sinto dor, muita dor, uma flecha atingiu meu ombro e uma outra atingiu minha perna, mas não posso desistir, não agora, ainda não, preciso aguentar só mais um pouco, eu prometi a ele que ficaríamos juntos depois que tudo isso acabasse e é por ele que aguento essa dor agora e foi por ele que eu continuei viva, por causa dele e do que ele representa pra mim.
A dor aumenta, minha vista começa a embaçar, sinto dor, muita dor, mas o que sinto por ele me mantém de pé, a existência dele me mantém de pé.
Ele está próximo, protegemos um ao outro como podemos, mas o número de inimigos é muito grande, não está sendo fácil pra nenhum de nós do batalhão.
Sinto dor, muita dor. Manejar a espada fica cada vez mais difícil, mas graças aos nossos companheiros o número de inimigos diminuiu.
Ainda consigo ve-lo, está a alguns metros de mim, mais um inimigo decapitado e o campo está limpo agora, ele sorri pra mim e eu devolvo o sorriso, mas no momento seguinte sinto uma dor maior do que as outras, uma dor lancinante no peito, olho pra baixo para comprovar o que já sabia: uma lâmina atravessando meu peito, droga... cheguei tão perto, minha vista começa a escurecer, minhas pernas cedem e antes de tombar ele me segura, o rosto assustado, em pânico, ele grita algo que não consigo ouvir, já não vejo nada nem ouço nada, até a dor parece estar se dissipando, reúno aquilo que acredito ser o último sopro de vida que me resta para sussurra-lhe "me perdoe, não cumpri a nossa promessa", ele me abraça forte, respiro uma última vez e penso "sinto muito".

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ai! Se sêsse...

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice?
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse!! 

- Zé da Luz

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Anjo da Perdição

Onde fostes anjo da perdição?
Onde guardastes teus doces lábios?
Esqueceste de mim, ou não?
Eu, a cada passo que deste, fiz questão de seguir

Cada fuga tua, me sentia triste e sozinho aqui
Maldita! Por que levaste meu coração?
Apenas devolva-o para que eu entregue-o
A alguém que me liberte dessa frustração

Dessa angústia de pensar que nunca vou te esquecer
Mas os deuses são justos e eles sabem o que fazer
Agora só me resta aguardar

A tempestade certa
Então, eu só observo
Onde esse coração insano vai me levar

quarta-feira, 30 de março de 2011

The Tyger

Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?

And what shoulder, & what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?

What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dread grasp
Dare its deadly terror clasp?

When the stars threw down their spears,
And watered heaven with their tears,
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?

-William Blake

terça-feira, 29 de março de 2011

Meu Mundo

Sou como uma sombra. Me tornei uma sombra. O tempo nos afastou e foi varrendo lembranças como sempre faz. E eu fiquei preso em uma determinada época e infelizmente minha mente fértil tornou uma coisa simples e banal em algo grandioso. Digo infelizmente por que isso fez com que eu me prendesse à um sonho, uma realidade melhorada pela minha mente. Nada daquilo que eu imaginei aconteceu, na verdade aconteceu mas não da forma que imaginei. Mas é uma necessidade minha, eu preciso ver "beleza" nas coisas pra sobreviver.  Eu procuro "beleza" em tudo. Fico observando como as pessoas ignoram tanta coisa que eu admiro e sinto prazer em fazer, como correr com meu cachorro na chuva, ouvir o latido animado dele, sentir o cheiro da terra molhada, e cada pingo molhando meus cabelos e minhas roupas, como se fossem um carinho dos céus. Nesses momentos é como se eu flutuasse. Mas foi então que meu mundo, aquele sonho, aquela época da qual eu tinha "nítidas lembranças", foi sendo destruído. Quando ele surgiu. Aparentemente um ninguém, apenas mais um, sem nenhum atrativo, digamos óbvio. E ele me tomou algo que eu já havia perdido, aliais que eu nunca tive, mas que considerava meu. E ele veio, destruindo as lembranças e destruindo o mundo que eu havia construído pra fugir do sofrimento. Me mostrando que a realidade cruel, seca e sem magia alguma sorria sarcasticamente pra mim. Me mostrando que na verdade eu fui apenas uma ponte para leva-la até ele. Como um personagem secundário que apenas aponta o caminho certo para o personagem principal e bem ali acaba sua função. E como isso doeu. Pra mim ela era parte de uma história linda, a "nossa história", depois me dei conta que a história na verdade era dela, e mais tarde deles dois. E eu apenas uma sombra do passado sombrio dela. Nunca pensei que isso fosse doer tanto em mim. Perceber que eu não signifiquei nada além de "escuridão" pra ela. E ela pra mim, significava tudo, a vida, o sol, meu futuro, o meu oxigênio, apesar do mal que ela me fez, tudo nela me inspirava, até a sua loucura. Foi então que fui ficando cada vez mais soturno e insano. Todos destruiram meu mundo, me obrigaram a viver nessa realidade podre e sem graça, me obrigaram a buscar outra fonte onírica pra sobreviver e que eu não consegui encontrar. Por que eu preciso disso, preciso criar mundos surreais de passados ou futuros, ou transformar meu presente. Se não a minha sanidade, que já é tão limitada, apesar de eu não demonstrar, me abandona de vez. E cada vez que eu seguia os passos dela e via o quão ruim eu fui pra ela, pra vida dela, e como ela estava feliz como eu jamais tinha visto, eu via o quanto ele se tornava perfeito, interessante e grandioso, e eu fui me tornando pequeno e sem graça aos olhos dela, até deixar de existir. Mas e ela? Será que a minha mente insana também não a transformou? Não seria ela apenas uma personagem secundária da minha história e não uma das principais como eu sempre imaginei? Eu dei valor demais à ela. Mas nunca consegui encontrar alguém que me fizesse apaga-la da lembrança. Eu queria agora correr e dizer a ela o quanto ela é importante, o quanto me inspira e o que nossa história significou pra mim. Mas, é impossível, já é tarde demais, eu já não existo e ela não acreditará em uma palavra se quer e ainda me dirá que preciso de tratamento que sou louco, vai rir de mim. E eu vou ser destruído mais uma vez por ela. Apesar de hoje me achar tão forte e imune a tantas coisas. Só não sou imune a ela. Não tenho mais nada, nem tenho mais paciência para esperar as coisas melhorarem, depois de 5 anos, vivendo à sombra dela, da felicidade dela, sem conseguir construir a minha própria felicidade, vivendo de lembranças inexistentes, me contentando com pequenos momentos de prazer, tudo acaba aqui, quando eu der esse próximo passo meu corpo vai ser puxado pela gravidade, vou fechar os olhos pra sempre e nunca mais sair do meu mundo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Luta

É a noite da luta.
Estou sentada colocando as bandagens como sempre faço nos treinos, quase como em um ritual.
Há muito barulho a minha volta, pessoas conversando, gritando, mas eu não ouço nada. Apenas me concentro em passar a bandagens entre os dedos, passar pelo "nós" das mãos e ir cobrindo a mão toda até ficar bem firme. Respiro fundo. Pensando em me manter calma, e deixar apenas que meu espírito de luta cresça dentro de mim. Como um lobo, calmo e concentrado observando a sua presa antes de atacar.
Me sinto um predador indo a caça,  um soldado no front de batalha.

É preciso me manter calma.

Chegou a hora, o nervosismo quer tomar conta de mim, mas não, não deixo, não posso deixar, respire, respire, feche os olhos, concentre-se!
Minha música começa a tocar, a vontade de lutar cresce, minhas mãos esquentam, quero pular, gritar, mas me limito a erguer o braço direito e dar um soco no ar.
Entro no ringue e encaro a adversária.
Ela me olha com um certo olhar de desdém e superioridade. Eu devolvo um olhar sanguinário a ela. O árbitro diz a regras, me coloca frente a frente com a adversária.

Soa o gongo.

É hora da caça.


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quarta-feira, 16 de março de 2011

Le Vampire

Toi qui, comme un coup de couteau,
Dans mon coeur plaintif es entrée;
Toi qui, forte comme un troupeau
De démons, vins, folle et parée,
De mon esprit humilié
Faire ton lit et ton domaine;
— Infâme à qui je suis lié
Comme le forçat à la chaîne,
Comme au jeu le joueur têtu,
Comme à la bouteille l'ivrogne,
Comme aux vermines la charogne
— Maudite, maudite sois-tu!
J'ai prié le glaive rapide
De conquérir ma liberté,
Et j'ai dit au poison perfide
De secourir ma lâcheté.
Hélas! le poison et le glaive
M'ont pris en dédain et m'ont dit:
"Tu n'es pas digne qu'on t'enlève
À ton esclavage maudit,
Imbécile! — de son empire
Si nos efforts te délivraient,
Tes baisers ressusciteraient
Le cadavre de ton vampire!"
— Charles Baudelaire




obs: tradução nos comentários

segunda-feira, 14 de março de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

Nothing else matters

O único som é o da grafite riscando o papel, vez ou outra o som da minha própria respiração. Isolada do mundo externo, perdida na minha própria mente, parece que o mundo fica em camera lenta, os sons ficam mais claros, cada ruído parece que vai estourar meus tímpanos e cada sonho insano parece real. Parece que até o tempo congelou, assim como o sangue quente que antigamente corria em minhas veias. Me perco cada vez mais em devaneios tentando de alguma forma trazer um sopro de vida pra esse corpo morto, tentando de alguma forma ressuscitar essa alma putrefata que anseia por liberdade

Tudo em vão.

quinta-feira, 10 de março de 2011

As fotos

Melancolia. Era só o que ela podia sentir naquele momento, um sentimento de perda, uma dor cruciante que parecia esmagar seu peito e sugar até o último resquicio de vida em seu ser.
Dor.
Era isso que significavam aquelas fotos. Perde-lo foi como perder o próprio braço, a própria vida. E nada mais poderia ser feito.
Precisava agora de uma fuga, qualquer coisa que fizesse a realidade parecer menos cruel, menos dolorosa. Drogas, álcool, sono, qualquer coisa.
E então, a salvação veio na forma de uma garrafa de vodka...

Depois de quase uma garrafa inteira de vodka tomada, duas carteiras de cigarro tragadas e as mesmas músicas tocando várias vezes no computador, ela finalmente tomou coragem pra se livrar das fotos, aquelas malditas fotos que a lembravam de uma época em que tudo era sonho.

Abriu a gaveta, e embaixo de um livro, cuidadosamente escondidas estavam as fotos.
Olhou para elas alguns instantes e as lembranças vieram pouco a pouco contruindo um filme em sua mente. Lembrou-se quase com detalhes daquele dia, as sensações, os sorrisos, os cheiros, no fundo não queria livrar-se delas, mas era necessário. Era dolorosamente necessário.

Ela começou picotando cada foto em pedaços bem pequenos e colocando-os numa sacola plástica, mas ainda não era o bastante, era necessário mais que rasgar as fotos para destruir o que elas representavam.

Então, levantou-se meio cambaleante por conta da vodka, pegou a sacola e saiu do quarto, foi andando no escuro até a cozinha onde pegou um pegou um litro de álcool e uma caixa de fósforos e se encaminhou pra rua.

Abriu a porta e começou a andar pela rua escura e quando se distanciou o suficiente de sua casa, ela despejou as fotos despedaçadas no chão, jogou álcool e acendeu a chama.

E ela ficou lá, admirando as chamas consumirem as fotos despedaçadas e - assim esperava ela - queimando com elas aquelas malditas lembranças.

Esperou até que as fotos virassem cinzas e o vento as levasse pra longe.

Mas o problema foi quando ela se deu conta de que as lembranças já estavam incrustadas na sua memória.
"Maldição."- pensou ela - "Quantos socos na cara vou ter que levar até esquecer que você existe?"

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"Mais do que qualquer outra coisa que já quis... mais do que quero o coração do Nazareno numa bandeja de marfim... mais do que quero me banhar em sangue de anjo enquanto vejo Deus se afogar nas fezes dos demonios, eu quero VOCÊ Constantine!"
Lúcifer em John Constantine Hellblazer - Hábitos Perigosos

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Batalha

Talvez aquele pôr do sol fosse o último. Talvez aquela brisa fresca tocando-lhe o rosto seria a última coisa agradável que sentiria nas próximas horas. A batalha estava iminente, e ela apenas olhava fixamente o crepúsculo cor de sangue se pondo no horizonte como um presságio de morte.

Minutos antes da batalha, sua respiração estava calma e compassada, mas podia-se sentir a tensão do ar em cada músculo e o peso de cada batida do coração em seu peito, ela olhava para o lugar onde antes o sol se punha, agora havia uma nuvem negra de guerreiros se aproximando.

Levou a mão até a cintura e apertou o cabo da espada. Finalmente chegara a hora.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Escuridão

"Você ainda consegue enxergar a cor dos meus olhos?"
-Não
"Então é por que a escuridão já os consumiu."
- E onde está a magia? O encanto?
"Isso só existe nos olhos dos sonhadores, dos amantes, olhos claros e límpidos, não nos meus."
-Quem te corrompeu?
"A vida, a realidade, as pessoas. Não há mais quem me dê asas, só há quem as corte"